sexta-feira, 12 de junho de 2015

O Que Todo Terapeuta, Pai, Mãe e Homossexual Deveria Saber


Por Julie Harren, Ph.D., LMFT


Homossexualismo é um tema que frequentemente tem sido abordado de forma imprecisa por terapeutas em virtude da má informação sobre assunto. Mesmo não tendo respaldo em pesquisas, muitos terapeutas acreditam que o homossexualismo é apenas biológico por natureza, e portanto imutável. Apesar de esforços em curso, pesquisadores ainda não descobriram um embasamento biológico para atrações pelo mesmo sexo. Na verdade, muitos pesquisadores criam hipóteses de que uma orientação homossexual nasce de uma combinação entre fatores biológicos e ambientais. Por exemplo, quando perguntado se a homossexualidade tinha origem somente na biologia, o pesquisador do gen gay, Dean Hamer respondeu “Com certeza não. A partir de estudos com gêmeos, nós já sabemos que a metade ou mais da variabilidade na orientação sexual não é herdada. Nossos estudos tentam apontar os fatores genéticos… e não negar os fatores psicológicos.” (Anastasia, 1995, p. 43). Adicionalmente, o pesquisador do cérebro Simon LeVay reconheceu que vários fatores podem contribuir para uma orientação homossexual (LeVay, 1996).

Quais, então, são as causas de atrações homossexuais? Estes sentimentos nascem tipicamente a partir de uma combinação de fatores temperamentais e fatores ambientais que ocorre na vida de uma criança. De acordo com Whitehead and Whitehead (1999), “O comportamento humano é determinado tanto pela natureza quanto por incentivos. Sem gens, realmente não se pode agir no meio. Mas sem o meio seus gens não têm onde atuar.” (p.10). Uma maneira de entender esta combinação pode ser expressa na seguinte equação:

Gens + Ligações Cerebrais + Ambiente Hormonal Prenatal = Temperamento
Pais + Colegas + Experiências = Ambiente
Temperamento + Ambiente = Orientação Homossexual

Enquanto fatores ambientais podem incluir experiências de abuso sexual ou outros eventos traumáticos, um contribuinte comum para a atração pelo mesmo sexo é um transtorno no desenvolvimento de uma identidade de gênero. Identidade de gênero se refere à visão de uma pessoa sobre seu próprio gênero; ou seja, seu senso de masculinidade ou feminidade. A identidade de gênero é formada através da relação que uma criança tem com seu pai (no caso dos meninos) ou sua mãe (no caso das meninas) e com seus colegas de mesmo sexo.

O processo de identificação do gênero começa aproximadamente de dois anos e meio a quatro anos. Para os meninos, é durante esta fase que eles começam a se afastar de seu apego inicial com a mãe para buscar um apego mais profundo com o pai. Para o sexo masculino, o relacionamento entre um garoto e seu pai é a fonte inicial para desenvolver uma identidade de gênero segura. É através do relacionamento pai-filho que um menino descobre o que precisa saber sobre ser homem, incluindo quem ele é enquanto menino, como meninos andam, como falam, como agem, e por aí vai. Conforme o pai passa tempo com o filho, demonstra interesse no filho, e dá ao filho afirmação e afeição, o pai transmite ao filho uma noção de masculinidade. O menino começa a desenvolver uma noção de seu próprio gênero por meio do entendimento de si próprio em relação ao seu pai.

Quando a criança alcança os cinco anos de idade, ele começa a encarar outra missão, qual seja, se relacionar com colegas do mesmo sexo. Nesta idade, ele entra na escola e começa a buscar nos outros meninos as respostas para as mesmas perguntas que seu pai vinha respondendo. Ele olha para os outros meninos para descobrir como andam, como brincam, e se está à altura deles. Ele busca ser incluído, aceito, e reconhecido. Através do relacionamento que forma com outros meninos, ele continua a adquirir uma noção de masculinidade, descobrindo mais sobre meninos e consequentemente mais sobre si mesmo enquanto menino.

Durante os primeiros anos do primário, crianças geralmente não são muito interessadas em brincar com membros do sexo oposto. Eles desejam passar mais tempo com membros do mesmo sexo. Esta é uma fase muito necessária de desenvolvimento, porque uma pessoa não pode se interessar pelo sexo oposto ou por outros, enquanto ele ou ela não compreender a si próprio.
Eventualmente, após vários anos criando laços com membros do mesmo sexo, o menino entra na puberdade. Neste momento ele começa a voltar sua atenção para o sexo oposto. Fica curioso sobre o gênero que é diferente dele próprio, o gênero feminino. Com o surgimento simultâneo da puberdade, esta curiosidade se torna interesse sexual e um desejo por conexão romântica com o sexo oposto.

Por outro lado, para a criança que irá desenvolver uma orientação homossexual, este processo não ocorre. Então, o que acontece no desenvolvimento da identidade sexual que levaria uma criança a ter atrações pelo mesmo sexo? Normalmente, para esta criança, há alguma coisa que o impede de criar laços com o pai. Ou ele não tem um pai ou uma figura paterna, ou ele não possui um pai que ele perceba como seguro e/ou receptivo. É claro, há várias crianças que crescem sem pais e ainda assim não desenvolvem uma orientação homossexual. Além disso, há várias crianças que têm pais que os amam, e ainda assim se tornam orientados para o homossexualismo. Isto se deve ao fato de que existem fatores variados que contribuem para a orientação homossexual. O desenvolvimento humano é muito complexo e inclui eventos, assim como percepções sobre os eventos.

Percepções são muito importantes. Percepções são mais poderosas do que o que de fato acontece, porque percepções se tornam a realidade de uma pessoa. Percepções são influenciadas pelo temperamento. Por exemplo, uma criança com um temperamento mais sensível pode perceber rejeição mesmo quando a rejeição não é pretendida. Temperamento é o contribuinte biológico; entretanto, o temperamento por si só não é suficiente para criar uma orientação homossexual. O tipo de temperamento deve se combinar aos devidos fatores ambientais para que se possa produzir a atração pelo mesmo sexo. Geralmente a criança que irá desenvolver futuramente atração pelo mesmo sexo é naturalmente sensível, observadora, inteligente, e é às vezes mais artística do que atlética. Esta criança normalmente tende a personalizar e internalizar experiências e observações.

Portanto, se uma criança percebe que seu pai não quer um relacionamento com ele, esta criança pode tentar se conectar ao seu pai algumas vezes, mas irá se retrair eventualmente em um sinal de autoproteção. Isto se chama distanciamento defensivo. Ao sentir a rejeição, o menino escolhe rejeitar o pai em troca. Ele se distancia do pai e mesmo daquilo que o pai representa, ou seja masculinidade (Nicolosi & Nicolosi, 2001). Tipicamente neste ponto, ele irá permanecer conectado à mãe e irá absorver feminidade como alternativa. Normalmente ele também é cercado por outras figuras femininas, como, uma irmã, uma tia, ou uma avó. Portanto em um período em que ele está suplicando por influências masculinas e buscando compreender a si mesmo no que se refere à sua identidade masculina, ele recebe no lugar disso influência feminina e começa a desenvolver um sentido do feminino.

Quando esta criança entra na escola, ele geralmente tem dificuldades para se relacionar com outros meninos. Ou ele se sente simplesmente mais confortável com as meninas, que lhe são mais familiares, ou ele se sente intimidado pelos outros meninos. Com frequência, esta criança se vê como diferente dos outros meninos. Então ele pode se conter e não criar vínculos com eles. Se ele desenvolveu algum maneirismo feminino, ele pode ainda ser rejeitado pelos outros meninos e possivelmente até ridicularizado. Ele necessita desesperadamente da aceitação dos outros meninos e continua a precisar desta aceitação, entretanto não é atendido. O menino observa os outros meninos de longe, ele deseja ser notado por eles, e ser incluído por eles, contudo ele fica com as meninas, ganhando mais sentido do que é o feminino enquanto sente profunda necessidade pelo que é masculino.

Esta criança normalmente passa seus anos na escola primária aprendendo sobre feminidade enquanto anseia compreender a masculinidade. Especificamente, ele deseja compreender a si mesmo no que se refere à sua própria identidade masculina. Mesmo assim, ele ainda não se associa com o pai ou seus colegas de mesmo sexo, portanto não adquire uma identidade masculina. Ele se associa ao feminino, que é sua fonte inicial de influências. Ele não desenvolve uma identidade de gênero segura. Sendo assim quando alcança a puberdade, a ânsia por influências e contribuições masculinas cresce e se intensifica. Neste momento de sua vida ele não está curioso sobre ou interessado no sexo oposto. Ele já conhece tudo sobre o sexo oposto – é bastante familiar para ele. O que ele está ansioso para conhecer é seu próprio gênero. Ele ainda quer muito entender sobre garotos. Ele quer experimentar ligações com rapazes. Esta necessidade emocional, a necessidade de amor do mesmo sexo, que não foi atendida, agora começa a tomar um formato sexual. Seus anseios por amor masculino não satisfeitos se tornam anseios românticos com o surgimento da puberdade. (Satinover, 1996).

Para esta criança, parece muito natural que ele deseje amor masculino. Na verdade, ele normalmente pensa que nasceu desta forma, tendo anseado por amor masculino desde sempre. De fato, ele anseou este amor durante a maior parte de sua vida. Entretanto, inicialmente não se tratava de um anseio sexual. Tratava-se de um anseio emocional, uma necessidade legítima por amor não-sexual, uma necessidade emocional que se tornou sexualizada.

O desenvolvimento feminino da homossexualidade é um pouco mais complexo. Como o desenvolvimento masculino, há uma quantidade de fatores que podem contribuir. Para algumas mulheres que terminam sentindo atração pelo mesmo sexo, o desenvolvimento é similar ao desenvolvimento masculino descrito anteriormente. Para outras, percepções negativas relacionadas à feminidade pode levar a um afastamento interno de sua própria feminidade. Por exemplo, se uma menina assiste seu pai abusar de sua mãe, a menina pode concluir que ser feminina é ser fraca. Precocemente ela pode tomar uma decisão inconsciente de se distanciar de sua identidade feminina. Ela pode se afastar de seu próprio gênero como uma tentativa de proteger a si própria dos efeitos nocivos por ela percebidos de ser mulher.

Abuso sexual é outro fator que pode contribuir para uma orientação homossexual. Nestes casos homens são vistos como não seguros, e o lesbianismo torna-se uma forma de proteção contra novas feridas de homens. Para umas pode haver uma desconexão com a mãe, e o lesbianismo se torna uma busca por amor materno. Para outras, a atração pelo mesmo sexo pode não estar presente inicialmente, mas pode se desenvolver como um resultado de uma amizade não sexual que se torna emocionalmente dependente. Um relacionamento emocionalmente dependente é aquele no qual duas pessoas buscam ter suas necessidades satisfeitas pela outra. É um relacionamento onde não há limites sadios. A ausência de limites emocionais apropriados pode então levar à uma violação de limites físicos.

Seja por qualquer uma das razões listadas acima, ou pela combinação de outros fatores, atrações pelo mesmo sexo podem surgir. Para aquele que tem estes sentimentos, eles são muito reais e muito fortes. Há muitas pessoas que se pegam atraídas por membros do mesmo sexo e não querem estas atrações. Para aqueles que não são satisfeitos com sua orientação sexual, vale lembrar que a mudança é de fato possível. Estudos revelam a existência de mudança de orientação sexual (ver Spitzer, 2003; Byrd & Nicolosi, 2002). Não é um processo rápido e nem fácil, mas tal como qualquer outro problema terapêutico, graus variados de mudança são alcançáveis através de terapia e outros meios.

O conceito impreciso de que homossexualismo é apenas biológico é extremamente ilusório. Muitos terapeutas contam para seus clientes que o homossexualismo é biológico e por isso imutável. Estes terapeutas estimulam que seus clientes assumam uma identidade gay, mesmo quando estes clientes estão em busca de mudança em sua orientação. Ao fazer isso, terapeutas negam os direitos dos clientes de autodeterminação. Os clientes têm o direito de escolher seus próprios objetivos na terapia e a eles deve ser permitido perseguir o caminho que desejam. Clientes não devem ser desencorajados a buscar mudança quando é mudança que eles buscam. Para que os clientes tenham opções disponíveis, é vital que tanto os terapeutas quanto os clientes se tornem melhor educados sobre o assunto.

Referências:

Anastasia, T. (1995). New evidence of a gay gene. Time 146, 43.
Byrd, A. D., & Nicolosi, J (2002). A meta-analytic review of the treatment of homosexuality.Psychological Reports, 90, 1139-1152.
LeVay, S. (1996). Queer Science, Cambridge, MA: MIT Press.
Nicolosi, J. & Nicolosi, L. A. (2001). Preventing homosexuality in today’s youth. InterVarsity Press.
Satinover, J. (1996). The gay gene? The Journal of Human Sexuality.
Spitzer, R. L. (2003). Can some gay men and lesbians change their sexual orientation? 200 participants reporting a change from homosexual to heterosexual orientation. Archives of Sexual Behavior, 32:5, 403-417.
Whitehead, N. & Whitehead, B. (1999). My genes made me do it: A scientific look at sexual orientation. Lafayette, LA: Huntington House Publishers.
Archives of Sexual Behavior, Vol. 32, No. 5, October 2003, pp. 403-417

Extraído de: http://narth.com/docs/hom101.html
Tradução e divulgação na língua portuguesa: Narth para brasileiros

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